Laura

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ingenuidade e Sedução

“Os deuses gregos criaram uma mulher: Pandora.
Ela era linda, encantadora, versada na arte da lisonja...
mas os deuses também deram-lhe ...
uma caixa na qual trancaram todos os males do mundo.
A imprudente mulher abriu a caixa e...
o desastre recaiu sobre nós!
Como uma inocente perseguida,
eu a chamo de Pandora,
porque através dela, todos os males
Se abateram sobre nós. “.



A Caixa de Pandora

Título original: Die Büchse der Pandora-1929
:  Produção:  Heinz Landsmann e Seymour Nebenzal(Alemanha)
Direção: Georg Wilhelm Pabst
Roteiro:  Frank Wedekind e Ladislaus Vajda
Fotografia: Günther Krampf
Música: Stuart Oderman e William P. Perry

Elenco
Louise Brooks     ...     Lulu
Fritz Kortner    ...     Dr. Ludwig Schön
Francis Lederer    ...     Alwa Schön
Carl Goetz    ...     Schigolch
Krafft-Raschig    ...     Rodrigo Quast
Alice Roberts    ...     Gräfin Geschwitz - Countess Anna Geschwitz
Daisy D'Ora    ...     
Charlotte Marie Adelaide v. Zarnikow


Em “A Caixa de Pandora”, A dançarina Lulu (Louise Brooks) é explorada por seu velho chefe, envolve-se com um empresário do mundo jornalístico e o acaba roubando de sua noiva, após serem flagrados por esta.  Após uma cena de ciúmes, em que seu marido tenta matá-la, Lulu reage, mata-o, em legítima defesa e foge com o filho da vítima, envolvendo-o em um jogo de sedução, fugas e exploração sexual.
O filme traz elementos modernos e revela uma obra densa, linear, objetiva, realçada pela beleza e sedução de Louise Brooks.  Assim como Pandora, Lulu foi premiada pelos deuses, mas sua beleza se tornou fonte de exploração e de admiração dos homens, que a viam, ao mesmo tepo, como uma vamp e uma jovem a ser explorada por eles.  Lulu, uma mulher forte, torna-se vítima de sua própria imagem, devastadora, mas que não revela à personagem os efeitos dessa devastação, desse furacão que era Lulu/Louise, uma beldade nas mãos dos deuses, dentro e fora da tela, que não entende seu suplício, mas compreende os passos que deve dar para fugir deles.
“A Caixa de Pandora”, baseada em “As Peças de Lulu”, de Frank Wedekind, dizem, escritas em sua visão por sua esposa, chegou a ser censurado, durante várias décadas na América, e em alguns outros países, devido às cenas fortes, e, quando liberado, teve cenas cortadas. A fita nos mostra um erotismo belo, dentro de uma inocência perene da personagem, entrecortada por um jogo de flertes, nos loucos anos 20, um erotismo dominado pelo olhar sensual e perigoso de Louise, uma sensualidade plena de gestos, de olhares, de subterfúgios, de segredos e mistérios e de toda uma beleza infinita ao interpretar Lulu.

A frase  de Henri Langlois, fundador da Cinemateca Francesa, durante um festival de cinema, na França,: Não tem Dietrich, não tem Gabo, só tem Louise Brooks” mostra a dimensão desta atriz bela, talentosa e extremante inteligente, a atriz lia Proust, Schoppenhauer, entre outros nomes da Literatura e da Filosofia, em intervalos, no set de filmagem um dos ícones maiores do cinema, em seus primeiros movimentos. A atriz trabalhou com nomes como Howard Hawks e William Wellman, mas teve seu maior sucesso, no filme, “A Caixa de Pandora” e “Diáro e uma Pecadora”, ambos dirigidos pelo austríaco Georg Pabst. Que a preferiu em relação a Marlene Dietrich para o papel de Lulu, em “A Caixa de Pandora”. Extremamente sedutora, colecionou uma legião de fãs e de amantes, como Chaplin e George Marshall. Enfrentou mo,mentos duros, após se desligar de Hollywood e migrar para Nova Iorque.





  Apesar disso, daí para a frente dedica-se quase que exclusivamente à literatura, sendo que seu livro Lulu in Hollywood torna-se um best seller. Com poucos amigos, Louise tem uma vida reclusa,  sofrendo por muitos anos de artrite deformante, e falecendo no dia 8 de agosto de 1985, aos 87 anos de idade.


Mary Louise Brooks teve uma carreira breve em Hollywood, tendo participado de 24 filmes entre os anos 1925 e 1938. Sua imagem e atitudes permanecem, no entanto, como símbolos de uma época, e uma de suas características mais lembradas será sempre o corte de cabelo liso e curto, que lançou moda e tornou-se um ícone dos anos 20. Após uma temporada na Alemanha,  retorna à Hollywood e, já no início da era do cinema sonoro, mas ainda aborrecida com a Paramount, recusa uma oferta de US$10.000 para dublar seu personagem no filme Canary Murder Case, produzido sem som e por isso ainda não lançado. Os produtores, furiosos com ela, espalharam o boato que Louise tinha uma voz horrível e por isso não poderia dublar o filme. A mentira teve um efeito fulminante na carreira de Louise, e fez com que ela fosse encostada em definitivo pelos produtores e esquecida pelo público.  Entre 1929 e 1938 participa de poucas produções na Europa e Estados Unidos. Em 1943 volta à New York, conseguindo trabalho na radio CBS. Nos anos seguintes, esquecida pelo cinema e pelo público, ganha seu sustento de várias formas, inclusive como vendedora da loja Sak's Fifth Avenue. Em 1948 começa a escrever sua biografia, que ela mesma destrói ao terminar, seis anos após. Frustrada, ela justificaria dizendo que " Ao Escrever a história de uma vida acho que o  leitor não pode entender a personalidade e os feitos de uma pessoa, a menos que sejam explicados os amores, ódios, e conflitos sexuais dessa pessoa. Não estou disposta a escrever a verdade sexual que tornaria minha vida digna de ser lida."

Prof.Marcelo Monteiro

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