Laura

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Verdade, Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Amor e Desamor


O sofrimento nos foge ao domínio,
Não nos torna nervosos e impacientes,
Apenas,
Muda nossos momentos,
Nos humores,
Mexe com nossas emoções
E pode por fim às nossas vidas
Pelas nosas angústias,
Dores, traumas,
Pelos nossos medos e frustrações.
Ah...a dor que nos alimenta a desilusão,
A ilusão de sofrer mais do que se deve,
A dor da vida
Que nos trai, a cada passo,
A cada compasso,
A cada breve e arriscado caminhar,
Sofrer...é a palavra de ordem...
Amar...
É o caminho a se seguir (anjinho)

Viver Não Dói - Carlos Drummond de Andrade

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Porque sofremos tanto por
amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um
sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos porque?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os
filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente connosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que
o desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-nos do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

Loucura



Pedaço que se arranca de meu peito,
A cada dor lancinante que me arrasta,
Ao Universo de seu olhar,
Denso, forte, impassível,
Inevitável.
Pensamentos desvairados,
Desvarios,
Sonhos de vida e morte,
Olhos dilacerados.,
Em busca de um carinho seu
Pedaço arrancado do peito,
Da alma,
Que se esconde e se perde,
Nas luzes da rua,
Nas luzes da lua,
Do céu que nos protege (anjinho)
Beijos ternos e eternos,
anjinho



Loucura


Pedaço que se arranca de meu peito,
A cada dor lancinante que me arrasta,
Ao Universo de seu olhar,
Denso, forte, impassível,
Inevitável.
Pensamentos desvairados,
Desvarios,
Sonhos de vida e morte,
Olhos dilacerados.,
Em busca de um carinho seu
Pedaço arrancado do peito,
Da alma,
Que se esconde e se perde,
Nas luzes da rua,
Nas luzes da lua,
Do céu que nos protege (anjinho)

Libertação

Não sonho com liberdades,
A escravidão da alma,
Insana, perdida, aos seus pés,
Guarda-me na sua memória,
Enquanto eu viver,
Preso aos grilhões
De seu coração intenso e severo,
Sonhando sonhos de desejos loucos
E belos
Enquanto me entrego às correntes
Que me prendem,
Eternamente,
Ao lado seu (anjinho)

Marcas

Minha alma já não sangra como antes,
Os sonhos não mostram mais as marcas do passado,
Sequer me lembro da noite anterior,
Mostra apenas as cicatrizes do abandono,
Os copos largados sobre a mesa,
A carne marcada,
O grito contido,
O reflexo das marcas nos espelho,
Das rugas das horas,
Do vazio do vento,
Que o tempo levou (anjinho)