Laura

Laura

quarta-feira, 30 de março de 2011

Contraponto

Alegria Tristeza, Amor Ódio,
Coragem Medo, Felicidade Sofrimento
Repulsa Desejo; Vida Morte
emoções intensas, verdadeiras, contradições inevitáveis como a dor, saudade feita de pedra, de metal, de sonhos, de vida, de história e de dor. (anjinho)

Amanhã

Partir...partir...
amanhã...
ou, depois...
veja que,
ainda estou a chegar...
olhe para os lados,
pelo retrovisor,
profundamente,
perceba,
a cada instante,
a cada segundo que passa,
a visão de meu chegar,
calmo...quase invisível...
com medo e esperança,
futuro e lembrança,
em um coração a galope,
ritmado...lento...denso....intenso...
mas...chegando...
mesmo antes de partir...(anjinho)

terça-feira, 29 de março de 2011

Um texto breve de Clarice

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

A Partida

A partida,
agita nossos olhares,
cheios de esperança,
plenos de adeus,
olhos que sorriam, sempre,
à distância,
nos telefonemas,
nas nos e-mails,
nas cartas,
na saudade,
nailusão,
na hora do adeus,
há, sempre, uma lágrima a esconder,
mas...
um sorriso secreto
que, eternamente,
espera por sua volta...(anjinho)

quinta-feira, 24 de março de 2011

The Road not Taken / A estrada que não foi Seguida

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim
Because it was grassy and wanted wear,
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I marked the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I,
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
                      
                    Robert Frost


Duas estradas separavam-se num bosque amarelo,
Que pena não poder seguir por ambas
Numa só viagem: muito tempo fiquei
Mirando uma até onde enxergava
Quando se perdia entre os arbustos;
Depois tomei a outra, igualmente bela,
E que teria talvez maior apelo,
Pois era relvada e fora de uso;
Embora, na verdade, o trânsito
As tivesse gasto quase o mesmo,
E nessa manhã nas duas houvesse
Folhas que os passos não enegreceram.
Oh, reservei a primeira para outro dia!
Mas sabendo como caminhos sucedem a caminhos,
E duvidava se alguma vez lá voltaria.
É como um suspiro que conto isto,
Tanto, tanto tempo já passado:
Duas estradas separavam-se num bosque e eu -
Eu segui pela menos viajada,
E isso fez a diferença toda

Robert Frost

terça-feira, 22 de março de 2011

EU ESCREVI UM POEMA TRISTE


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!


de  A Cor do Invisível , Mário Quintana

Da Observação




Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...


Mario Quintana, do livro Espelho Mágico  

sábado, 19 de março de 2011

Leia estes versos de Victor Hugo...sobre as mulheres

O homem pensa.
A mulher sonha.

Pensar é ter cérebro.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano.
A mulher é um lago.

O oceano tem a pérola que embeleza.
O lago tem a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa.
A mulher, o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.

O homem tem um farol: a consciência.
A mulher tem uma estrela: a esperança.

O farol guia.
A esperança salva.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
A mulher, onde começa o céu!!!
Victor Hugo

Ah...um poema de Caeiro

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer. (Alberto caeiro)

beijos ternos e eternos,
anjinho

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um poema de Erza Pound

             TENZONE
Será que as aceitarão ?
          (i.é., estas canções).
como tímida fêmea perseguida por centauros
          (ou por centuriões),
Elas já vão fugindo, urrando de terror.
Ficarão comovidos pelas verossimilitudes ?
           Sua estupidez é virgem, é inviolável.
Eu vos imploro, meus críticos amistosos,
Não saiais por aí procurando-me um público.
Deito-me com quem é livre em cima dos penhascos;
             os recessos ocultos
Já têm ouvido o eco de meus calcanhares
             na frescura da luz
             e na escuridão.

Um poema solitário de Drummond

    A bruxa
                                                A Emil Farhat
    Nesta cidade do Rio, de dois milhões de habitantes, estou sozinho no quarto, estou sozinho na América.
Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.
De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?
E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.
Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?
Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.
Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
querendo romper a noite
não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
exalando-se de um homem.