Laura

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Vida é Breve

Escrita entre os anos 63 a 65 a.C, as cartas de Sêneca a Lucílio, compiladas na obra “Aprendendo a Viver: Cartas a Lucílio”, constituem uma das obras-primas do filósofo latino. Ao todo, compreendem um total de 124 textos e se pauta na defesa constante das idéias estóicas  que visam à renúncia dos bens materiais, da busca da tranquilidade do espírito e do corpo, em uma busca incessante do conhecimento e da contemplação. Ao escrever seus textos, Sêneca toma como base o sentido epicurista da vida, em que sabedoria e virtude são os preceitos morais que regem a existência humana, levando o homem a descobrir uma vida moral, um bem imortal que lhe foi concedido, tornandno-se livre, no momento em que, sabiamente, toma descobre o sentido de sua vida e se torna o condutor da mesma.
Todos os bens dos mortais são mortais, o verdadeiro bem não desaparece; certo e duradouro, consiste na sabedoria e na virtude, sendo a única coisa imortal que cabe aos mortais” (Da Fugacidade da Fortuna)
Nesta obra, Sêneca prega uma forma correta de viver a vida, tomando como base valores e princípios como étical, moral, espiritual, física, sem abrir mão da lógica do ser humano, alcançando a condição de uma ataraxia, uma alma distante da perturbação. Essa condição imperturbável da alma permite, nos conceitos trabalhados nas cartas de Sêneca, a aplicação do conhecimento de sua filosofia à vida prática, revelando, no cumprimento da vida pública, mais que uma virtude, uma obrigação do homem de seu tempo.
Nessa praticidade, Sêneca, apesar de levar uma vida cômoda finaceiramente, vivia de forma moderada e modesta, como afirma em suas cartas: “O sábio não estava obrigado à pobreza, desde que o seu dinheiro tivesse sido ganho de forma honesta.” (Da Felicidade), vendo-se, no entanto, como um sábio imperfeito: "Eu elogio a vida, não a que levo, mas aquela que sei dever ser vivida.". (Da Brevidade da Vida)
Assim, Sêneca pregava a idéia de que os bens podem e devem ser adquiridos, não permitindo, no entanto, que se tornem a meta principal na vida de um homem, além de pregar que a velhice e a morte são condições naturais que devem ser aceitas com naturalidade pelo homem.
Erras, se pensas que  apenas na navegação a vida se distancia pouco da morte: em toso o lugar essa distãncia é tênue. A morte não se mostra em todos os lugares, mas em todos os lugares ela está próxima” (Da Brevidade da Vida)
Para isso, Sêneca, ao falar sobre a brevidade do tempo, ressalta que o homem deve estar concentrado para absorver e refletir sem dificuldades em seu eterno aprendizado, pois aprender a  viver, bem como descobrir os caminhos das artes, exige uma vida inteira, valorizando o tempo, tão curto e, por muitos negligenciado.
Então, caro Lucílio, procura fazer aquilo que me escreves: aproveita todas as horas ; serás menos dependente do amanhã, se te lançares ao prsente. Enquanto adiamos, a vida se vai. Todas as coisas, Lucílio, são-nos alheias, só o tempo é nosso” (Da Economia do Tëmpo)
Além disso, Sêneca prega, em uma das cartas, que que só tem domínio de si aquele que não faz de seu corpo um peregrinador por outros corpos, enfatizando, em uma prosa coloquial, precisa, retórica e declamatória, abusando de frases curtas e metáforas conclusões decisivas sobre a maneira de viver estóica, livre, construtiva e, sobretudo, voltada à evolução e à tranquilidade da alma, base da felicidade e do desenvolvimento do homem. (Prof Marcelo Monteiro)

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