
(Jean Jacques Rousseau – trecho de “A Quinta Caminhada – de “Os Devaneios do Caminhante Solitário”)
Reflexões em Paris
Entre os anos de 1776 e 1778, os últimos da vida atribulada e iluminista de Rousseau, o filósofo realizou longas e frutíferas caminhadas ao longo das ruas de Paris e pelos arredores da cidade. Nessa jornada, Rousseau observava as pessoas, a natureza – a flora era uma de suas grandes paixões – as casas, enfim, observava e analisava o cotidiano dos habitantes locais, tornado base de seus pensamentos e conclusões.
Nessa caminhada reflexiva, Rousseau deixa a transparecer certa agonia, uma amargura pela sociedade que o criticava, provocando, nele, um isolamento, em face de seus pensamentos, de suas obras, de suas posições em relação à sociedade que o cercava.

A obra, uma espécie de testamento inacabado de Rousseau, foi publicada, em 1782, após sua morte, e revela belas passagens pela vida, ilustradas em argumentos filosóficos consistentes, dentro de uma poética de um homem que se vê isolado da sociedade a qual analisa, critica, mas, ao meso tempo, busca olhar com uma réstia de esperança, analisando, ainda, de forma branda e verdadeira, seu passado e as pessoas que o condenaram à sua solidão.
Em “Devaneios do Caminhante Solitário”, Rousseau evoca, em forma de confissões e justificativas, trazendo idéias novas em relação à política, à educação, à literatura revela as novas faces do filósofo em vista da sociedade francesa e do Romantismo. As contestações das idéias de Rousseau levaram-no a escrever (1712-1778) escreveu “Os Devaneios do Caminhante Solitário” este livro, sabendo que sua existência estava por acabar, e essa perseguição partia inclusive de outros filósofos como David Hume e seus antigos companheiros de enciclopédia como D’Alembert, Helvétius, Voltaire, Montesquieu, Condillac, Quesney, Turgot Sua obra-prima, “Emílio” fora lançado à fogueira, nas ruas de Paris e calvinistas enlouquecidos apedrejaram sua Maison du Motiers, em Genebra
“Devaneios do Caminhante Solitário”, tal qual obras como “Confissões” e “Diálogos”, foram textos publicados postumamente, revelando um filósofo que desconfiava de tudo e de todos à sua volta. Até mesmo Voltaire, a quem via como um mestre e que, como Rousseau, detestado pelo alto clero, debochou das obras românticas de Rousseau, em parte, por conta de desavenças motivadas por questões religiosas e voltadas ao teatro, citando a contradição em suas idéias, sua apologia ao primitivismo, com sua idéia de o homem natural, e pela agitação política que Rousseau teria desencadeado em Genebra, por conta de seus pensamentos filosóficos, políticos e sociais, além de acusá-lo de trair os filósofos com seus pensamentos acerca de assuntos diversos.
Sua angústia teve início com o texto “A Profissão de Fé”, publicado em “Emílio”, sobre o qual, católicos e protestantes criticavam a idéia de uma religião natural, considerando-a uma ofensa à idéia de Revelação, a Igreja e aos milagres. Por isso, seus últimos livros “Confissões”, “Diálogos” e “Devaneios do Caminhante Solitário” agem como um direito de defesa do autor. Todo esse mal é revelado pelo filósofo, já na primeira fase de seu livro, em que ele escreve: “Eis-me sozinho na Terra, sem irmão, parente próximo, amigo ou companhia a não ser eu próprio. O mais sociável e o mais afetuoso dos homens foi proscrito da sociedade por um acordo unânime.”
Rousseau escreveu:
o Dicionário de Música,
o A nova Heloísa,
o Confissões,
o Discurso sobre as ciências e as artes,
o Discurso sobre as origens e fundamentos da desigualdade entre os homens,
o Emílio,
o O Contrato social,
o Diálogos de Rousseau, juiz de Jean-Jacques,
o Considerações sobre o governo da Polônia,
o Devaneios de um caminhante solitário.
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Prof. Marcelo Monteiro
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